Quilotórax: O que é, causas, sintomas e tratamento
O quilotórax é uma condição respiratória rara e potencialmente grave, caracterizada pelo acúmulo de quilo — um fluido rico em gordura — na cavidade pleural, espaço entre os pulmões e a parede torácica. Esse acúmulo interfere na expansão normal dos pulmões e, quando não tratado adequadamente, pode levar a complicações significativas.
Neste artigo, você vai entender o que causa o quilotórax, como ele se manifesta, e as opções terapêuticas disponíveis.
Continue a leitura para conhecer os principais pontos sobre o assunto.
O que é quilotórax?
O quilotórax é um tipo específico de
derrame pleural — uma condição em que se
acumula líquido entre os pulmões e a parede do tórax. Nesse caso, o líquido é o
quilo, uma substância esbranquiçada composta por linfa e gordura que normalmente circula pelo sistema linfático. O problema acontece quando o ducto torácico, principal via de transporte desse fluido,
se rompe ou fica obstruído, fazendo com que o quilo se acumule na pleura.
Esse acúmulo interfere diretamente na respiração. O pulmão perde parte da sua capacidade de expansão, o que pode causar falta de ar, desconforto e redução na oxigenação do sangue.
O que pode causar o quilotórax
As causas do quilotórax geralmente se dividem entre fatores traumáticos — como lesões ou intervenções médicas — e causas não traumáticas, como doenças. Entender essa origem é essencial para definir a melhor abordagem de tratamento.
Causas traumáticas mais comuns:
- Cirurgias no tórax (principalmente em esôfago, pulmão, mediastino ou coração), que podem danificar o ducto torácico
- Cirurgias no pescoço, principalmente quando são feitas linfadenectomias extensas.
- Traumas no tórax, como acidentes de carro ou quedas
Causas não traumáticas frequentes:
- Linfoma: é a principal causa entre os casos não traumáticos, sendo responsável por até 70% das ocorrências nesse grupo
- Infecções, como tuberculose ou infecções parasitárias (ex: filariose)
- Malformações linfáticas congênitas, mais comuns em crianças
- Obstruções sem causa conhecida, classificadas como idiopáticas
Quais são os sintomas do quilotórax
Os sintomas podem surgir de forma sutil ou mais intensa,
dependendo da velocidade
com que o líquido se acumula e da quantidade presente.
Os sinais mais comuns incluem:
- Falta de ar persistente;
- Tosse seca sem causa evidente;
- Sensação de peso ou incômodo no peito;
- Fadiga constante;
- Perda de peso involuntária;
- Redução dos sons respiratórios na ausculta médica.
Em quadros prolongados, pode haver prejuízo nutricional e queda na imunidade, já que
o líquido perdido é rico em proteínas, gorduras e células de defesa importantes.
Tratamento do quilotórax
O tratamento deve ser
individualizado
e leva em conta a causa, o volume de líquido drenado e a resposta do organismo às primeiras medidas. Ele pode incluir desde intervenções clínicas até abordagens cirúrgicas.
Opções clínicas e nutricionais
Drenagem pleural: colocação de um dreno no tórax para remover o líquido acumulado
Ajustes na alimentação: dieta com triglicerídeos de cadeia média (TCM), que são absorvidos diretamente na corrente sanguínea, sem passar pelo sistema linfático
Nutrição parenteral total (NPT): em casos mais graves, o paciente é colocado em jejum via oral e os nutrientes são administrados por via venosa, reduzindo o volume de quilo produzido
Suspensão temporária da alimentação oral, quando necessário, para controlar a produção de linfa.
Tratamento da causa de base
- Para linfomas e outros tumores: o tratamento oncológico é fundamental para controle do quilotórax
- Para infecções: uso de medicamentos específicos, como antibióticos ou antiparasitários
Abordagem cirúrgica
Quando o tratamento clínico não apresenta resultado dentro de 10 a 14 dias
ou quando o volume de drenagem é
muito alto, a cirurgia passa a ser considerada. As opções incluem:
- Ligadura do ducto torácico: bloqueio do canal por onde o quilo escapa, feito por videotoracoscopia ou cirurgia aberta
- Pleurodese química: técnica que promove a aderência entre as camadas da pleura para evitar novos acúmulos
- Derivação pleuroperitoneal: redireciona o líquido da pleura para o abdome, onde pode ser reabsorvido pelo organismo
Abordagem por radiologia intervencionista
A
embolização do ducto torácico pode ser feita por técnicas guiadas por imagem, em centros especializados. Nesse procedimento, um pequeno catéter é inserido dentro do ducto torácico, por via percutânea, para infusão de micromolas e cola, com o objetivo de interromper o fluxo de linfa dentro do ducto.
Quando é importante procurar ajuda médica
Se você sente falta de ar que
não melhora, tosse
contínua
ou uma sensação de desconforto no peito
sem explicação, é essencial buscar avaliação médica.
Quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores são as chances de um tratamento eficaz e com menos complicações. O acompanhamento com um especialista é indispensável para investigar a causa do derrame e iniciar a conduta correta.
Perguntas frequentes
O que é quilotórax?
O quilotórax é um tipo de derrame pleural em que há acúmulo de quilo — uma substância rica em gordura e linfa — entre os pulmões e a parede torácica, geralmente por lesão ou obstrução do ducto torácico.
O que causa o quilotórax?
O quilotórax é causado por lesões ou obstruções no ducto torácico, geralmente decorrentes de cirurgias, traumas torácicos, tumores, infecções, tumores ou doenças congênitas.
Qual a principal causa de quilotórax não traumático?
Os linfomas são a principal causa não traumática, representando cerca de 70% dos casos.
Como diagnosticar quilotórax?
O diagnóstico é feito por análise do líquido pleural, que apresenta aspecto leitoso e altos níveis de triglicerídeos, além de exames de imagem para identificar a origem do vazamento.
Quais são os sintomas do quilotórax?
Os sintomas incluem falta de ar, tosse seca, dor ou peso no peito, fadiga, emagrecimento e diminuição dos sons respiratórios.
Qual é o tratamento para quilotórax?
O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da causa e do volume de drenagem. Cirurgias como a ligadura do ducto torácico são indicadas em casos graves ou refratários.
Qual é o tratamento para quilotórax após cirurgia cardíaca?
Inicia-se com medidas clínicas, como drenagem e dieta especial. Se não houver melhora em 2 semanas, pode ser necessária intervenção cirúrgica.
Quando o quilotórax é considerado grave?
É considerado grave quando há grande volume de drenagem, perda nutricional significativa ou falha no tratamento clínico, exigindo intervenções mais complexas como cirurgia.
Toda cirurgia torácica pode causar quilotórax?
Não. Embora o risco exista, ele é mais comum em cirurgias de esôfago, pulmão e mediastino, onde há maior proximidade com o ducto torácico.
Como saber se o tratamento clínico está sendo eficaz?
A resposta é avaliada pelo volume de drenagem, melhora dos sintomas e exames laboratoriais. Redução gradual do líquido e melhora nutricional indicam boa resposta.
Cirurgia torácica em São Paulo | Dra. Letícia Lauricella
O quilotórax é uma condição que exige atenção e abordagem especializada. Embora raro, pode surgir como complicação de cirurgias, traumas ou doenças como o câncer. Com um diagnóstico adequado e tratamento direcionado — seja clínico ou cirúrgico —,
é possível controlar os sintomas, prevenir perdas nutricionais e melhorar a qualidade de vida do paciente.
Se você ou alguém próximo apresenta sintomas respiratórios persistentes,
não hesite em buscar orientação médica.
Você já conhecia essa condição e seus sintomas? Compartilhe este artigo e ajude mais pessoas a entenderem.
Se você está em busca de um especialista em cirurgia torácica, sou a
Dra. Leticia Lauricella, formada em Medicina na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sendo a primeira mulher contratada como assistente do grupo de Cirurgia Torácica da FMUSP. Atuo em hospitais em São Paulo, e tenho como objetivo oferecer aos pacientes as
opções mais avançadas e eficazes de tratamento, ao mesmo tempo em que busco contribuir para o avanço da ciência médica por meio da pesquisa. Para mais informações navegue no
site ou para
agendar uma consulta clique aqui.
E continue acompanhando a central educativa para mais conteúdos relacionados à saúde.















