Quilotórax: O que é, causas, sintomas e tratamento

Letícia Lauricella • October 23, 2025

O quilotórax é uma condição respiratória rara e potencialmente grave, caracterizada pelo acúmulo de quilo — um fluido rico em gordura — na cavidade pleural, espaço entre os pulmões e a parede torácica. Esse acúmulo interfere na expansão normal dos pulmões e, quando não tratado adequadamente, pode levar a complicações significativas.


Neste artigo, você vai entender o que causa o quilotórax, como ele se manifesta, e as opções terapêuticas disponíveis.
Continue a leitura para conhecer os principais pontos sobre o assunto.


O que é quilotórax?


O quilotórax é um tipo específico de
derrame pleural — uma condição em que se acumula líquido entre os pulmões e a parede do tórax. Nesse caso, o líquido é o quilo, uma substância esbranquiçada composta por linfa e gordura que normalmente circula pelo sistema linfático. O problema acontece quando o ducto torácico, principal via de transporte desse fluido, se rompe ou fica obstruído, fazendo com que o quilo se acumule na pleura.


Esse acúmulo interfere diretamente na respiração. O pulmão perde parte da sua capacidade de expansão, o que pode causar falta de ar, desconforto e redução na oxigenação do sangue.


O que pode causar o quilotórax


As causas do quilotórax geralmente se dividem entre fatores traumáticos — como lesões ou intervenções médicas — e causas não traumáticas, como doenças. Entender essa origem é essencial para definir a melhor abordagem de tratamento.


Causas traumáticas mais comuns:


  • Cirurgias no tórax (principalmente em esôfago, pulmão, mediastino ou coração), que podem danificar o ducto torácico
  • Cirurgias no pescoço, principalmente quando são feitas linfadenectomias extensas.
  • Traumas no tórax, como acidentes de carro ou quedas


Causas não traumáticas frequentes:


  • Linfoma: é a principal causa entre os casos não traumáticos, sendo responsável por até 70% das ocorrências nesse grupo
  • Infecções, como tuberculose ou infecções parasitárias (ex: filariose)
  • Malformações linfáticas congênitas, mais comuns em crianças
  • Obstruções sem causa conhecida, classificadas como idiopáticas


Quais são os sintomas do quilotórax


Os sintomas podem surgir de forma sutil ou mais intensa,
dependendo da velocidade com que o líquido se acumula e da quantidade presente.


Os sinais mais comuns incluem:


  • Falta de ar persistente;
  • Tosse seca sem causa evidente;
  • Sensação de peso ou incômodo no peito;
  • Fadiga constante;
  • Perda de peso involuntária;
  • Redução dos sons respiratórios na ausculta médica.


Em quadros prolongados, pode haver prejuízo nutricional e queda na imunidade, já que
o líquido perdido é rico em proteínas, gorduras e células de defesa importantes.


Tratamento do quilotórax


O tratamento deve ser
individualizado e leva em conta a causa, o volume de líquido drenado e a resposta do organismo às primeiras medidas. Ele pode incluir desde intervenções clínicas até abordagens cirúrgicas.


Opções clínicas e nutricionais


Drenagem pleural:
colocação de um dreno no tórax para remover o líquido acumulado


Ajustes na alimentação:
dieta com triglicerídeos de cadeia média (TCM), que são absorvidos diretamente na corrente sanguínea, sem passar pelo sistema linfático


Nutrição parenteral total (NPT):
em casos mais graves, o paciente é colocado em jejum via oral e os nutrientes são administrados por via venosa, reduzindo o volume de quilo produzido


Suspensão temporária da alimentação oral,
quando necessário, para controlar a produção de linfa.


Tratamento da causa de base


  • Para linfomas e outros tumores: o tratamento oncológico é fundamental para controle do quilotórax
  • Para infecções: uso de medicamentos específicos, como antibióticos ou antiparasitários


Abordagem cirúrgica


Quando o tratamento clínico não apresenta resultado dentro de
10 a 14 dias ou quando o volume de drenagem é muito alto, a cirurgia passa a ser considerada. As opções incluem:


  1. Ligadura do ducto torácico: bloqueio do canal por onde o quilo escapa, feito por videotoracoscopia ou cirurgia aberta
  2. Pleurodese química: técnica que promove a aderência entre as camadas da pleura para evitar novos acúmulos
  3. Derivação pleuroperitoneal: redireciona o líquido da pleura para o abdome, onde pode ser reabsorvido pelo organismo


Abordagem por radiologia intervencionista


A
embolização do ducto torácico pode ser  feita por técnicas guiadas por imagem, em centros especializados. Nesse procedimento, um pequeno catéter é inserido dentro do ducto torácico, por via percutânea, para infusão de micromolas e cola, com o objetivo de interromper o fluxo de linfa dentro do ducto.


Quando é importante procurar ajuda médica


Se você sente falta de ar que
não melhora, tosse contínua ou uma sensação de desconforto no peito sem explicação, é essencial buscar avaliação médica.


Quanto mais cedo for o diagnóstico, maiores são as chances
de um tratamento eficaz e com menos complicações. O acompanhamento com um especialista é indispensável para investigar a causa do derrame e iniciar a conduta correta.


Perguntas frequentes


  • O que é quilotórax?

    O quilotórax é um tipo de derrame pleural em que há acúmulo de quilo — uma substância rica em gordura e linfa — entre os pulmões e a parede torácica, geralmente por lesão ou obstrução do ducto torácico.


  • O que causa o quilotórax?

    O quilotórax é causado por lesões ou obstruções no ducto torácico, geralmente decorrentes de cirurgias, traumas torácicos, tumores, infecções, tumores ou doenças congênitas.


  • Qual a principal causa de quilotórax não traumático?

    Os linfomas são a principal causa não traumática, representando cerca de 70% dos casos.


  • Como diagnosticar quilotórax?

    O diagnóstico é feito por análise do líquido pleural, que apresenta aspecto leitoso e altos níveis de triglicerídeos, além de exames de imagem para identificar a origem do vazamento.


  • Quais são os sintomas do quilotórax?

    Os sintomas incluem falta de ar, tosse seca, dor ou peso no peito, fadiga, emagrecimento e diminuição dos sons respiratórios.


  • Qual é o tratamento para quilotórax?

    O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, dependendo da causa e do volume de drenagem. Cirurgias como a ligadura do ducto torácico são indicadas em casos graves ou refratários.


  • Qual é o tratamento para quilotórax após cirurgia cardíaca?

    Inicia-se com medidas clínicas, como drenagem e dieta especial. Se não houver melhora em 2 semanas, pode ser necessária intervenção cirúrgica.


  • Quando o quilotórax é considerado grave?

    É considerado grave quando há grande volume de drenagem, perda nutricional significativa ou falha no tratamento clínico, exigindo intervenções mais complexas como cirurgia.


  • Toda cirurgia torácica pode causar quilotórax?

    Não. Embora o risco exista, ele é mais comum em cirurgias de esôfago, pulmão e mediastino, onde há maior proximidade com o ducto torácico.


  • Como saber se o tratamento clínico está sendo eficaz?

    A resposta é avaliada pelo volume de drenagem, melhora dos sintomas e exames laboratoriais. Redução gradual do líquido e melhora nutricional indicam boa resposta.




Cirurgia torácica em São Paulo | Dra. Letícia Lauricella


O quilotórax é uma condição que exige atenção e abordagem especializada. Embora raro, pode surgir como complicação de cirurgias, traumas ou doenças como o câncer. Com um diagnóstico adequado e tratamento direcionado — seja clínico ou cirúrgico —,
é possível controlar os sintomas, prevenir perdas nutricionais e melhorar a qualidade de vida do paciente.


Se você ou alguém próximo apresenta sintomas respiratórios persistentes,
não hesite em buscar orientação médica.

Você já conhecia essa condição e seus sintomas? Compartilhe este artigo e ajude mais pessoas a entenderem.


Se você está em busca de um especialista em cirurgia torácica, sou a
Dra. Leticia Lauricella, formada em Medicina na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sendo a primeira mulher contratada como assistente do grupo de Cirurgia Torácica da FMUSP. Atuo em hospitais em São Paulo, e tenho como objetivo oferecer aos pacientes as opções mais avançadas e eficazes de tratamento, ao mesmo tempo em que busco contribuir para o avanço da ciência médica por meio da pesquisa. Para mais informações navegue no site ou para agendar uma consulta clique aqui.

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