Cirurgia no pulmão dói? Saiba como reduzir a dor no pós-operatório

Letícia Lauricella • August 14, 2025

A pergunta "cirurgia no pulmão dói?" é comum entre pacientes que precisam passar por procedimentos torácicos. Embora a cirurgia pulmonar possa causar desconforto no pós-operatório, avanços médicos e técnicas de manejo da dor têm tornado a recuperação mais confortável.


Neste artigo, entenda o que pode causar dor após a cirurgia pulmonar, os fatores que influenciam sua intensidade e as estratégias eficazes para aliviá-la, proporcionando uma
recuperação mais tranquila e segura ao paciente.


Por que pode haver dor depois da cirurgia no pulmão?


Durante a cirurgia pulmonar, é necessário acessar a cavidade torácica por meio de
cortes na pele e nos músculos entre as costelas, através dos espaços intercostais. Esses espaços são estreitos, e abaixo de cada costela passa o nervo intercostal, que é responsável pela sensibilidade da parede torácica. A manipulação dos tecidos  nesse espaço  pode comprimir o nervo intercostal, gerando dor e desconforto. Outro motivo  para dor é a colocação de drenos no pós-operatório, que também ficam posicionados no espaço intercostal.


Quais são os tipos de dor que podem surgir?


Dor aguda:
É mais comum nos primeiros dias após o procedimento e costuma ser bem controlada com analgésicos simples.
Dor neuropática:
Surge quando há envolvimento direto dos nervos. Pode causar sensações como queimação, formigamento ou dor em fisgada.
Dor crônica:
Menos frequente, pode persistir por semanas ou até meses. Requer avaliação específica e abordagem individualizada para controle adequado.


O que influencia na intensidade da dor?


Técnica cirúrgica utilizada


Procedimentos menos invasivos, como a
videotoracoscopia ou a cirurgia robótica, tendem a provocar menos dor do que técnicas tradicionais com incisões maiores, como a toracotomia. Na cirurgia minimamente invasiva, a manipulação do espaço intercostal é menor, reduzindo o risco de lesões aos nervos intercostais. Já na toracotomia, há necessidade de afastamento das costelas, e para isso o espaço intercostal é alargado com o uso de aparelhos que comprimem o nervo intercostal. 


Drenos torácicos


Os drenos são fundamentais no
controle de fluidos e fístulas aéreas  após a cirurgia, mas podem causar desconforto enquanto permanecem instalados. A sensibilidade costuma melhorar após sua remoção.


Limiar individual


A resposta à dor tem um componente individual importante, com algumas pessoas tendo um limiar mais baixo, sendo portanto, mais suscetíveis à dor. O limiar individual de dor é influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Características genéticas, experiências prévias com dor, estado emocional, presença de ansiedade ou depressão e até expectativas em relação ao pós-operatório podem modificar a percepção dolorosa. No contexto da cirurgia pulmonar, essas diferenças significam que estímulos semelhantes — como a incisão cirúrgica ou a manipulação costal — podem gerar respostas muito distintas, desde desconforto leve até dor intensa e incapacitante. Reconhecer essa variabilidade é essencial para a abordagem individualizada do manejo da dor, permitindo ajustar analgesia, intervenções não farmacológicas e acompanhamento de forma a melhorar a recuperação funcional e a qualidade de vida do paciente.


Como aliviar a dor após a cirurgia pulmonar?


  1. Analgésicos e anti-inflamatórios


A dor costuma ser bem controlada com o uso de medicamentos. Entre os mais usados estão dipirona, paracetamol, anti-inflamatórios não hormonais e, quando necessário, opióides em doses ajustadas. A escolha depende do
perfil do paciente e da intensidade da dor.


   2. Bloqueios anestésicos


Rotineiramente, em cirurgia torácica, usamos bloqueios regionais — como os bloqueios intercostais, bloqueio do músculo eretor da espinha ou a analgesia epidural antes ou ao final da cirurgia. Essas técnicas aliviam a dor diretamente na região operada e são aplicadas por anestesistas especializados. Muito comumente também usamos catéteres de analgesia controlada pelo paciente ou PCA (patient controlled analgesia), que é um método em que o paciente pode apertar um botão para liberar pequenas doses de remédio para dor diretamente na veia, na musculatura da parede torácica ou no espaço peridural, de forma segura e controlada.

Paciente utilizando bomba de analgesia controlada pelo próprio paciente (PCA), tecnologia que permite ajuste individualizado da dose para melhor controle da dor no pós-operatório.



    3. Fisioterapia respiratória


Os exercícios guiados por fisioterapeutas ajudam a
expandir o pulmão, prevenir complicações e aliviar a dor provocada pela respiração curta ou superficial. Além disso, favorecem a retomada da capacidade funcional com mais segurança.


    4. Técnicas de relaxamento


Recursos como respiração profunda, meditação guiada e relaxamento muscular progressivo são aliados importantes no controle da dor, principalmente quando há ansiedade associada. Incorporá-los à rotina pode trazer mais conforto emocional e físico.


Cuidados no pós-operatório para ajudar no controle da dor


Algumas atitudes simples durante a recuperação fazem diferença na redução da dor e na prevenção de complicações.


  • Movimentar-se o quanto antes

Levantar da cama e caminhar, mesmo que por poucos minutos, já nos primeiros dias após a cirurgia, ajuda a melhorar a circulação, evita rigidez muscular e contribui para uma recuperação mais rápida.


  • Cuidar bem da ferida cirúrgica

Manter o curativo limpo e seco, seguindo as orientações da equipe médica, é fundamental para evitar infecções — que podem intensificar a dor e atrasar a cicatrização.


  • Alimentar-se de forma equilibrada

Uma boa nutrição fortalece o organismo, favorece a regeneração dos tecidos e ajuda a manter a energia necessária para o corpo se recuperar.


  • Evitar esforços em excesso

Durante o pós-operatório, respeitar os limites do corpo é essencial. Atividades físicas intensas devem ser evitadas para não gerar dor ou interferir no processo de cicatrização.


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Quando é hora de procurar o médico?


Nem toda dor no pós-operatório é sinal de alerta, mas é
importante prestar atenção a alguns sinais. Procure o cirurgião se:


  • A dor estiver muito forte ou não melhorar com a medicação;
  • Houver febre persistente;
  • Você sentir falta de ar ou dificuldade para respirar;
  • Surgirem secreções, vermelhidão ou inchaço na ferida.


Esses sintomas podem indicar alguma intercorrência e precisam ser
avaliados com atenção para garantir uma recuperação tranquila.



Perguntas frequentes


  • Cirurgia no pulmão dói?

    Sim, é comum sentir dor após uma cirurgia pulmonar, principalmente nos primeiros dias. No entanto, existem diversas estratégias médicas eficazes para controlar esse desconforto e tornar a recuperação mais tranquila.


  • Por que a cirurgia no pulmão causa dor?

    A dor ocorre principalmente devido às incisões na parede torácica, à manipulação dos tecidos e à presença de drenos, além de possíveis lesões em nervos intercostais durante o procedimento. 


  • Quanto tempo dura a dor após a cirurgia no pulmão?

    A dor aguda geralmente dura de 3 a 7 dias. Em alguns casos, pode haver dor residual por semanas ou meses, principalmente se houver envolvimento de nervos.


  • Toda cirurgia pulmonar causa a mesma intensidade de dor?

    Não. Cirurgias minimamente invasivas, como a videotoracoscopia ou a cirurgia robótica, tendem a causar menos dor do que procedimentos abertos, como a toracotomia.


  • Quais medicamentos são usados para aliviar a dor após cirurgia pulmonar?

    Os mais comuns são analgésicos simples, anti-inflamatórios e, em alguns casos, opióides. Em muitas cirurgias torácicas bloqueios anestésicos regionais são utilizados..


  • É normal sentir dor ao respirar após a cirurgia no pulmão?

    Sim, mas ela deve ser controlada com a medicação adequada. A dor ao respirar é esperada nos primeiros dias e pode ser amenizada com fisioterapia respiratória.


  • O que pode piorar a dor após a cirurgia?

    Infecções, esforço físico precoce, mau posicionamento ao dormir ou descuido com a ferida cirúrgica podem intensificar a dor e atrasar a recuperação.


  • Fisioterapia ajuda a reduzir a dor no pós-operatório pulmonar?

    Sim. A fisioterapia respiratória contribui para a expansão pulmonar, melhora a oxigenação e ajuda no controle da dor associada à respiração superficial.


  • Como saber se a dor é normal ou sinal de complicação após a cirurgia?

    A dor controlável e localizada na área da cirurgia é esperada. Mas dor intensa, associada a febre, secreção na ferida ou falta de ar pode indicar complicações e deve ser avaliada.



Cirurgia torácica em São Paulo | Dra. Letícia Lauricella


Embora a cirurgia no pulmão possa causar dor no pós-operatório, existem diversas estratégias eficazes para
controlá-la e promover uma recuperação mais confortável. A escolha da técnica cirúrgica, o uso adequado de analgésicos, a fisioterapia respiratória e os cuidados no pós-operatório desempenham papéis fundamentais nesse processo.


Se você está se preparando para uma cirurgia pulmonar ou conhece alguém nessa situação, compartilhe este artigo.

Quais são seus receios sobre a cirurgia no pulmão?


Se você está em busca de um especialista em cirurgia torácica, sou a
Dra. Leticia Lauricella, formada em Medicina na Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), sendo a primeira mulher contratada como assistente do grupo de Cirurgia Torácica da FMUSP. Atuo em hospitais em São Paulo, e meu objetivo é oferecer aos meus pacientes as opções mais avançadas e eficazes de tratamento, ao mesmo tempo em que busco contribuir para o avanço da ciência médica por meio da pesquisa. Para mais informações navegue no meu site ou para agendar uma consulta clique aqui.

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